
O idoso constitui sua linguagem ao longo da vida, por meio de experiências, vivências, aprendizados, relações, emoções, sentimentos e conhecimentos, entre outras " aprendizagens de desenvolvimento humano", que somam, na sua biografia, a experiência de novas habilidades comunicativas que são descobertas no próprio processo do envelhecimento. Estou a falar de um contexto de mudanças na linguagem do idoso que não coincide necessariamente com o potencial da perda de suas reservas orgânicas e funcionais. Estas mudanças da linguagem requerem a aquisição e a manutenção da linguagem falada, que por sua vez, tem característica própria e sofre transformações nas diferentes fases da vida humana.
A contribuição da terapia da fala neste contexto reside na possibilidade de compreender os fenómenos e transformações que ocorrem na linguagem ou através dela, nesta fase de vida, de forma a atender às necessidades e aspectos específicos da comunicação do idoso.
Vale ressaltar que a não valorização do idoso, marcado pela imagem esterotipada que se faz da velhice, aumenta o sentimento de inutilidade e pode acentuar o declínio de suas competências relacionadas com as condições de autonomia e independência. Este abandono gradual de papéis faz surgir no idoso uma ânsia de ser útil e frusta-o em sua necessidade de estima pessoal. A percepção da sociedade pode se cristalizar em atitudes pré-determinadas e preconceituosas sobre os idosos, com reflexos directos na sua comunicação, muitas vezes condenando-os ao silêncio.
O papel da família é assumir a sua importância perante o idoso, compreendendo-o, apoiando-o e protegendo-o, pois o seu comportamento influencia toda a sua estrutura de vida. A sociedade também tem o seu papel, ao mostrar respeito e valorizando-o!