terça-feira, 11 de agosto de 2009

A actuação da terapia da fala em bebés de risco.

Hoje, resolvi abordar os procedimentos avaliativos e as observações que nos remetem as hipóteses diagnósticas e as condutas gerais e específicas nos cuidados com RNs e lactentes disfágicos ou de risco para dificuldades de alimentação no contexto hospitalar.
A disfagia ocorre quando há um descontrole na coordenação das funções de respiração e de alimentação. Pode-se dar como resultado de danos neurológicos congénitos ou adquiridos, estruturais ou funcionais, ou como consequência de estados mórbidos ( Longeman, Vandenplas, Shapiro, Weiss, Cherney, 1994). Os distúrbios da deglutição no período neonatal ou no lactente podem ser resultantes de um problema secundário associado, ou ainda fazer parte de um quadro de doença sistémica.
Nas unidades neonatais, a população de risco que requer com mais frequência a intervenção, são os RNPTs. Os RNPTs apresentam inúmeras condições frequentemente acompanhadas de disfunção da alimentação tais como: peso, desconforto respiratório ou doença pulmonar da membrana hialina, hemorragia craniana peri e intraventricular, anemia, alterações metabólicas, displasia broncopulmonar e outros eventos que podem comprometer o funcionamento de seu sistema nervoso central e sua vitalidade geral ( Hernandez. A. M, 1998). Assim, a prematuridade pode ser a causa da dificuldade persistente da deglutição.
O fenómeno da disfagia infantil difere em muitos aspectos de sua ocorrência na fase adulta. Primeiramente, porque a fisiologia da deglutição no RN e no lactente envolve a sucção como seu primeiro passo. Suas causas estão ligadas a anormalidades congénitas , funcionais ou anatómicas e surgem nas primeiras tentativas de alimentar o bebé. Além disso, as aspirações são muito significativas na infância, devido às conexões anatómicas entre as vias digestivas e respiratórias, e à ausência dos mecanismos compensatórios que permitem ao adulto proteger as vias aéreas. Portanto, prevenir e intervir precocemente nas disfagias infantis é de extrema importância a curto, médio e longo prazos. Além disso, quando se permite um bom desenvolvimento das estruturas neuro motoras necessárias à função alimentar, proporciona-se melhores condições à aquisição de uma boa articulação.
A coordenação neonatal da alimentação e a produção da fala têm muitos factores em comum como o ritmo, o controle respiratório, tónus e a mobilidade de lábios e língua, a velocidade dos movimentos musculares e um sistema íntegro de feedback e feedforward sensoriais.
A intervenção terapêutica, nesta perspectiva de trabalho, tem por sustentação 3 pilares: A avaliação clínica da alimentação, a intervenção terapêutica directa com o RN ou lactente, e a actuação junto à equipe e à família.
A avaliação deve ser sustentada pelo conhecimento do desenvolvimento motor oral normal e da fisiologia anatomofuncional da deglutição, bem como das características particulares dos bebés de risco para disfagia, sejam eles pré-termos, mal formados, anoxiados ou sindrómicos.
Referências bibliográficas:
HERNANDEZ, A.M. e MARCHESAN, I. Atuação fonoaudiológica no ambiente hospitalar.Revinter, 2001.
NETTO, C.R.S. Deglutição na criança, no adulto e no idoso. Lovise, 2003.